Como se chorar fizesse Justiça
A Propósito de Nada, de Tudo ou de Coisa Nenhuma, tendo em conta o que por aí se passa...
Foto de Karina Bertoncini - Desespero
Se eu pudesse ter uma reacção a sós, sobre os factos pelos quais está acusado Joseph Fritzl e que foram agora levados a julgamento, ou sobre outros semelhantes, a primeira coisa que faria, seria sentar-me, esconder o rosto nos joelhos e chorar...
Chorar até lavar a impotência, a frustração que se sente perante estes casos. Mas essa reacção fica reservada ao imaginário que me está proibido tornar-se real.
Joseph Fritzl argumenta que teve uma infância difícil diz que foi sovado pela mãe e, depois, explica . "A vida dela não foi a mais bonita. Ela cresceu numa quinta e começou a trabalhar aos oito anos".......................
Confessa crimes, diz-se violentado, desculpa quem o violentou e abandona-se à desgraçada violência que praticou durante 24 anos sobre a sua própria filha.....
E, numa semana várias vidas serão dissecadas, e uma será punida. Todo o sofrimento de 4 gerações resultará numa pena e em marcas que nunca serão apagadas....Tudo em apenas e durante uma semana.................
Olhando este caso, ...penso que é como se uma cadeia de violência gerasse violência e crueldade,.... como se não houvesse noção da maldade que se pratica e leva ao extremo.
Como explicar estes perfis? Haverá possibilidade de encontrar a pena certa para este homem?
Por muito que nos custe a todos perceber, talvez porque não tivemos uma infância difícil, talvez porque os actos de que está acusado são tão violentos ou muito mais violentos que aqueles de que foi alvo, há uma pena que um Tribunal tem de aplicar e que nunca será compreendida por todos.
Pensamos:- A única solução é a punição. E uma punição tão cruel quanto os seus actos.
Ou uma punição adequada à sua culpa?!
Punir com a pena adequada à culpa...........................
E a pena não pode ser cruel.
Não cabe à Justiça ser cruel....mas nem sempre lhe é possível ser Justiça.------------------------
..................e então,....é como se chorar fizesse Justiça.
17.3.2009 _ Jornal Expresso
ACCB
ADELINA BARRADAS DE OLIVEIRA